LIMITES NA EDUCAÇÃO DOS FILHOS
Atualmente fala-se muito em limites: como impor, como educar.
De todos os estudos e reflexões sobre limites na educação dos filhos, uma coisa é consensual: nossos filhos estão cada vez mais distantes da convivência familiar. Ou estão com seus pares nas ruas, nos lugares de lazer, ou assistindo TV, na internet, no vídeo game ou cumprindo uma extensa agenda (esportes, música, inglês...). E os pais, cada vez mais fora de casa também, lutando pela sobrevivência, preocupados em não perder tempo, trabalhando, estudando para que a família tenha uma vida melhor.
Para que possamos colocar limites nos nossos filhos, precisamos ter nossos próprios limites internalizados.
É aquela história: a gente dá o que tem. Quem não tem limites, não tem como colocar limites para o outro.
Hoje, muitas vezes, pediu, ganhou. Não se conquista nada, tudo passou a fazer parte do direito deles como filhos e nosso dever como pais. Muitas vezes compensamos o filho por nossa ausência.
Os filhos hoje, não podem ser frustrados, não sabem esperar, não se sentem realizados, estão sempre insatisfeitos.
A falta de limites afeta diretamente o desenvolvimento das dimensões da administração do tempo (desejo, espera, ação ética...).
Os pais precisam saber e os filhos também:
• Os pais precisam falar a mesma linguagem (um não pode invalidar o outro, senão, o filho esperto, usa isso em seu favor);
• O que é meu direito;
• O que é um privilégio;
• Quais os princípios da minha família (o que rege a família, aonde essa família quer chegar, seus valores, em quê acredita...)
Isso se aprende no dia-a-dia, nas conversas do cotidiano, à medida que as coisas acontecem, ou numa oportunidade criada...
É preciso mostrar ao filho a conseqüência de suas escolhas: quando se erra o alvo, perde-se um privilégio. Mas o filho precisa saber qual é o alvo, como acertar. Precisa saber que as conseqüências podem ser maiores ou menores, que certas perdas são reversíveis, que determinados privilégios podem ser reconquistados.
Exemplo: um alvo estabelecido é que o filho faça primeiro o dever de casa para depois jogar vídeo game. Isso já foi ensinado e ele sabe qual será a conseqüência se errar o alvo... mas mesmo assim, joga a tarde toda e se esquece do dever de casa. Os pais conversam com ele e explicam porquê vai perder o privilégio de jogar por determinado tempo (porque vídeo game não é direito, é privilégio).
Não existe receita de bolo, mas há princípios imprescindíveis na hora de disciplinar.
Disciplina X castigo
• Castigo: nos bloqueia para a vida, não educa, deixa a auto-estima no ralo, estimula a violência, a perversão, o engano...
• Disciplina: nos faz crescer, ser uma pessoa melhor, um cidadão, desenvolve a auto-estima, a ética, o senso de justiça.
Uma coisa é castigar, outra, disciplinar. Castigar, qualquer um pode, disciplinar é um trabalho longo, moroso, que exige antes de tudo muito amor, paciência, determinação, auto conhecimento e conhecimento do sujeito à ser disciplinado...
1. Amor: fale sempre com amor. “Você é meu filho, eu te amo...” Deixe claro que o que você não aceita, o que você rejeita é o ato, não seu filho.
2. Ética: nossos atos falam mais alto que nossas palavras. Fale sempre a verdade em amor, isso gera confiança. Você ensina seu filho mentir, mentindo prá ele ou perto dele. Exemplos: telefone – fala que eu não estou; batida no meu carro no estacionamento da escola que fui visitar...
3. Compromisso: Cumpra sua palavra. Não cumprir promessas gera insegurança, desconfiança, descrédito e estimula a falta de compromisso do outro, claro. Não diga: se fizer isso, vai acontecer aquilo. Tenha cuidado, não prometa o que não pode cumprir. Exemplo: se chamar seu irmão de idiota, vou te deixar um ano sem TV. Promessa absurda porque não vai cumprir e porque a conseqüência é inadequada para a ação.
4. Respeito: respeito a gente não ganha, conquista. Não dê shows em público, não discipline seu filho na frente dos outros, não exponha seu filho,ainda que ele faça isso. Fale com seu filho a sós, olhando nos olhos, sem gritaria, sem ira...
5. Conhecimento: “Conheça-te a ti mesmo” e ao teu filho. Conheça suas virtudes, seus defeitos, seus limites, seu temperamento... Valorize o que é bom o que é bonito. Saiba reconhecer seus erros, não passe uma idéia de perfeição. Saiba pedir perdão.
6. Por onde começar: Reúna a família, conversem, estabeleçam metas, alvos mensuráveis, alcançáveis a curto, médio e longo prazo.
7. Não desista: A superação dos problemas só será possível se os pais tiverem desejo e vontade de mudar aspectos pessoais. Desejo significa energia para planejar, necessidade de buscar. Vontade significa a energia necessária para a ação, o movimento indispensável para a busca. Só havendo a decisão individual é que a tarefa de reorganizar a família, definir novas regras de funcionamento, aprender outras formas de comunicação e relacionamento é possível.